O que é o Quiet Quitting?

O que é o Quiet Quitting?

Quiet

Considerações e alternativas.

No mundo agitado em que vivemos, é comum depararmo-nos com situações em que precisamos tomar decisões difíceis e, muitas vezes, abandonar projetos, relacionamentos ou caminhos com os quais não nos identificamos. No entanto, nem sempre o ato de desistir é visto como uma ação corajosa ou transformadora. É nesse contexto que surge o conceito de “quiet quitting” ou “abandono silencioso”. Uma abordagem que procura trazer uma nova perspetiva sobre como deixar de lado aquilo que não nos acrescenta e abrir espaço para o novo.

Atualmente as gerações mais novas procuram um equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal, sendo que o mundo profissional está a passar por uma transformação significativa. As pessoas começam a questionar as normas tradicionais de carreira e o conceito de trabalho como um meio para uma vida plena.

O que é então o Quiet Quitting?  Quiet quitting é uma postura adotada no ambiente de trabalho no qual o funcionário apenas realiza o mínimo de tarefas necessário. Esse termo pode ser interpretado como uma espécie de demissão silenciosa devido à perceção de falta de reconhecimento por parte da empresa em relação aos seus colaboradores. Em vez de fazer um anúncio formal ou chamar atenção para a saída, a pessoa decide sair silenciosamente, evitando conflitos ou dramas desnecessários.

Existem várias motivações que levam as pessoas a adotarem esta estratégia. Algumas das razões mais comuns incluem:

Falta de reconhecimento: Uma das principais razões que levam as pessoas a praticar o quiet quitting é a falta de reconhecimento das suas contribuições e esforços pela empresa. Quando nos sentimos ignorados ou menosprezados, a insatisfação começa a instalar-se. Esta abordagem é escolhida por quem deseja deixar o emprego atual com tranquilidade, sem prejudicar a reputação e mantendo um comportamento exemplar.

Ambiente hostil: Outra razão que pode levar ao quiet quitting é a presença de um ambiente de trabalho hostil. Quando há conflitos interpessoais constantes, assédio moral ou um clima de negatividade generalizada, pode ser extremamente prejudicial para a saúde mental e emocional dos funcionários. Optar pelo quiet quitting permite que a pessoa se afaste pacificamente, evitando adicionar mais tensão a uma situação já complicada.

Desmotivação e falta de propósito: A falta de motivação e propósito no trabalho pode também ser uma fonte de insatisfação significativa. Quando nos sentimos estagnados, sem oportunidades de crescimento ou desenvolvimento profissional, a sensação de estar preso numa rotina sem sentido pode ser intensificada. O quiet quitting pode ser adotado como uma estratégia para abrir espaço para novas oportunidades e explorar caminhos mais promissores, onde seja possível encontrar uma carreira mais satisfatória e alinhada aos objetivos pessoais.

Excesso de trabalho e desequilíbrio: O excesso de trabalho constante e a falta de equilíbrio entre a vida profissional e pessoal são fatores que podem levar à insatisfação. Quando nos sentimos constantemente sobrecarregados, com pouco tempo para cuidar de nós e das nossas relações pessoais, o desgaste emocional e físico começa a surgir. Optar pelo quiet quitting pode ser uma forma de procurar um ambiente de trabalho mais equilibrado e saudável, onde seja possível conciliar as exigências profissionais com uma vida pessoal satisfatória.

Embora o quiet quitting possa ser uma abordagem interessante e agradável, há algumas considerações importantes a serem tidas em conta:

Aviso prévio e contratos: Antes de sair silenciosamente, é fundamental rever os contratos de trabalho e entender os requisitos de aviso prévio. Em alguns casos, pode ser necessário cumprir um período de aviso prévio estabelecido, independentemente da abordagem escolhida.​

Impacto na equipa e no projeto: Deixar um emprego sem causar aparato é o ideal. Caso contrário pode afetar a equipa e o projeto em andamento. É essencial considerar o impacto que a saída silenciosa possa ter nos colegas de trabalho e no progresso do trabalho em equipa. É crucial encontrar formas de minimizar esse impacto.

Repercussões futuras: Embora o quiet quitting possa parecer uma solução tranquila, é importante considerar as repercussões futuras. O mercado de trabalho é um círculo pequeno, e as ações têm consequências. Certifique-se de sair de forma profissional e tratar as pessoas com respeito, pois isso pode afetar a sua reputação no futuro.

O quiet quitting pode não ser a melhor opção em todas as situações. Existem alternativas a serem consideradas, como:

Conversa aberta: Em vez de simplesmente sair discretamente, pode ser útil ter uma conversa aberta com o empregador ou com os colegas de trabalho sobre as suas razões para sair. Isso pode ajudar a esclarecer mal-entendidos e até mesmo fornecer oportunidades para a resolução dos problemas.

Feedback construtivo: Ao sair de um emprego, pode ser valioso dar feedback construtivo para a empresa. Isso pode ajudar a identificar áreas de melhoria e permitir que a organização cresça.

Em suma, o quiet quitting é a atitude no ambiente empresarial em que o empregado se propõe a trabalhar o mínimo necessário, não possuindo o dito “amor à camisola” nem o esforço e sacrifício que tantas empresas valorizam. Apesar de ser uma escolha pessoal, é importante considerar as implicações e obrigações contratuais. Muitos indivíduos optam por seguir esse caminho para preservar relacionamentos profissionais e minimizar o stress, no entanto é importante equilibrar essas considerações com as necessidades da equipa e do projeto em que se está envolvido. Numa última análise, a decisão de adotar o quiet quitting deve ser tomada com cuidado, tendo em conta o impacto pessoal e profissional a curto e longo prazo.

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